A propagação de cactos pode ocorrer por sementes, estaquia, micropropagação e enxertia. Cada método apresenta vantagens e desafios, sendo essencial compreender as condições ideais de germinação, substrato e ambiente para maximizar o sucesso no cultivo. Este artigo explora as principais técnicas, cuidados e soluções para problemas comuns na propagação de cactos.
Logo de cara, vou falar três problemas muito comuns com cactos:
- Água: Excesso de água induz o crescimento de bactérias e fungos, que causam podridão (a planta fica escura e "mole", com aspecto de "derretendo", geralmente isso começa da parte inferior para a parte superior da planta). Falta de água causa um processo semelhante, porém, os cactos ficam "murchos" e com aspecto seco.
- Luz: Falta de água causa estiolamento (a planta fica "magrinha"), excesso de luz causa queimaduras.
- Transporte: Mudar um cacto de lugar é algo que precisa ser feito gradualmente. Caso precise mudar um vaso de lugar, você precisa ir "acostumando" a planta aos poucos. A alteração na intensidade da luz pode fazer suas plantas sofrerem muito!
Palavras-chave: Cactos, Propagação, Cultura de Tecidos, Germinação, Enxertia, Micropropagação.
1. Propagação por Sementes
A propagação de cactos por sementes é uma forma eficaz de manter a diversidade genética. As sementes possuem estruturas variadas e sua germinação é influenciada por fatores ambientais como temperatura, umidade e presença de inibidores.
Principais Fatores para a Germinação
-
Temperatura ideal varia conforme a espécie (ex.: Oreocereus trollii germina melhor entre 15-20°C, enquanto Echinocactus grusonii entre 25-35°C);
-
Dormência comum, podendo ser superada por escarificação mecânica ou química;
-
Presença de endosperma e amido pode acelerar o processo de germinação;
-
Utilização de substratos adequados e controle de umidade para evitar o apodrecimento.
Passo a Passo para Germinar Sementes de Cactos
-
Escolha um substrato de qualidade, evitando materiais orgânicos excessivos. O substrato que eu (Bio Kali) uso possui partes iguais de vermiculita, perlita e carvão vegetal! Não uso terra!
-
Verifique se o substrato está "leve" e com boa drenagem.
-
Umideca o substrato e esterilize o substrato no micro-ondas por 4 minutos para evitar fungos;
- Uma outra forma de esterilizar o substrato é usando água oxigenada (10 volumes ou 3%), aquela que usamos para limpar machucados! O importante é umedecer o substrato com a água oxigenada e deixar repousar por algumas horas!
- Uma outra forma de esterilizar o substrato é usando água oxigenada (10 volumes ou 3%), aquela que usamos para limpar machucados! O importante é umedecer o substrato com a água oxigenada e deixar repousar por algumas horas!
-
As sementes também precisam ser "limpas". Para isso, você também pode usar a água oxigenada 10 volumes! Basta deixar as sementes de molho por alguns minutos (eu uso cerca de 10-20 minutos). PS: evite deixar muuito tempo (horas) na água oxigenada, pois ela pode "danificar" a semente se for deixada na água oxigenada por muito tempo.
-
Semeie as sementes de maneira uniforme, sem enterrar profundamente (poucos milímetros);
-
Mantenha a umidade utilizando um recipiente transparente fechado;
- Abra a tampa do pote a cada 3-4 dias, para trocar o ar. O importante é abrir e fechar rapidamente, para evitar a entrada de microorganismos.
- Proporcione iluminação adequada (luz natural filtrada ou lâmpadas de crescimento). Nessa etapa, eu nunca coloco a estufinha de sementes para germinar no sol! As sementes precisam de escuridão para germinar, e o calor do sol pode danificar as sementes!
-
As sementes devem germinar entre 7-14 dias, dependendo das condições ambientais. Algumas espécies (e em algumas condições), claro, podem demorar muito mais.
- Aos poucos, o frasco pode ser aberto. Algumas dicas são:
- Nos primeiros dias após a germinação, faça furos no pote de plástico para ele "respirar".
- Após alguns dias, você pode remover a tampa do frasco. Quando fizer isso, verifique diariamente se os cactos estão bem hidratados.
- A troca de substrato (transplante) deve ser feita somente após alguns meses, dependendo do cacto! Não aconselhamos fazer o transplante logo após sua germinação, pois ele ainda está muito jovem e sensível. Se necessário, usar adubo em dose baixa!
Foto acima: eu ainda não transplantaria, pois são muito jovens!
Fotos acima: eu já transplantaria para outro vaso! Isso pois os espinhos já estão rígidos e a estufa está com "pouco espaço" para os cactos crescerem!
2. Propagação Vegetativa (Estaquia e Enxertia)
A propagação vegetativa é amplamente utilizada por sua eficiência e rapidez no crescimento das mudas.
Estaquia
-
Utilize plantas saudáveis como matriz;
-
Faça um corte na horizontal, "separando" o cacto em duas partes;
- Utilize algum cicatrizante para o corte (tanto a parte inferior quanto a parte superior!). Eu particularmente uso flor de enxofre (99%), ele é excelente para isso!
-
Deixe a estaca cicatrizar por alguns dias / semanas antes de plantar, verificando sempre se não existem manchas pretas no local do corte! Essa etapa deve ser feita em local sem luz direta do sol, mas com bastante iluminação indireta - a luz solar e o calor não combinam com clonagem de cactos! Se as mudas pegarem excesso de sol, elas vão desidratar e provavelmente não irão enraizar!
- Certifique-se que a circulação de ar está boa no local onde os cortes estão enraizando! Essa etapa previne o surgimento de insetos e fungos que podem atacar seu cacto!
-
Após a cicatrização dos cortes, use substrato bem drenado para evitar o apodrecimento. O substrato que eu (Bio Kali) uso possui partes iguais de perlita, fibra de côco, arroz carbonizado e carvão vegetal! Não gosto de usar terra, pois uso adubo com todos os nutrientes que as plantas precisam... Mas caso você vá usar terra, recomendo utilizar 50% terra e 50% do substrato (que citamos anteriormente), para garantir drenagem!
- Não coloque a muda no sol pleno. O ideal é poucas horas de sol por dia (quase nada), e bastante luz indireta. Isso pois um cacto recém-cortado ainda não possui raízes, portanto, o sol pode causar excesso de desidratação (e o cacto, por não ter raízes, não vai conseguir absorver a água perdida...).
-
Regue moderadamente, permitindo o enraizamento gradual. Aproximadamente, uma rega por semana (para plantas que estão fora do sol pleno) ou duas a três regas por semana (para plantas que pegam sol por algumas horas por dia). Eu, por exemplo, só molho as mudas de cactos na época de seca! Na época de chuva, a própria umidade do ambiente fará o serviço!
Enxertia
A enxertia é usada para acelerar o crescimento ou propagar espécies de difícil enraizamento.
-
Escolha um porta-enxerto compatível e vigoroso (geralmente, usa-se Myrtillocactus, Cereus ou Trichocereus);
- Use sempre facas esterilizadas com álcool 70%
-
Corte ambas as partes (enxerto e porta-enxerto) de forma limpa e precisa;
-
Rapidamente após os cortes, fixe o enxerto em cima do porta-enxerto. Pressione-o para baixo levemente, usando elásticos ou fitas, garantindo aderência;
-
Mantenha em ambiente protegido até a cicatrização completa. O porta-enxerto deve estar bem hidratado (mas nunca, com o solo encharcado!). Não deixe pegar chuva, pelo menos nos primeiros meses! Sol e calor em excesso também são ruins para o enxerto no incío, pois pode desidratar os cactos...! Após o enxerto estar "firme", ele pode pegar sol e chuva sem muitos problemas!
3. Propagação In Vitro (Micropropagação)
A cultura de tecidos é um método avançado usado para multiplicação plantas em laboratório, especialmente espécies ameaçadas.
Ela se dá via:
- Coleta de pedaços de plantas adultas, contendo brotos ou gemas (esses pedacinhos são chamados explants).
- Preparação do meio de cultura adequado (formulação e desinfecção). Eles são fracionados em pequenos frascos fechados.
- Desinfecção das plantas, chamadas explants (geralmente, feito com cloro ou água oxigenada).
- Plantio dos explants nos frascos contendo meio de cultura, tudo isso feito em laboratório estéril e capela de biossegurança.
- Incubação dos frascos em ambiente com luz fraca. Essa etapa pode demorar vários meses dependendo da planta!
Principais Benefícios
-
Produção em larga escala com alto índice de sobrevivência;
-
Redução da coleta ilegal de plantas em seu habitat natural;
-
Melhor controle sobre o desenvolvimento das mudas.
Fatores Críticos no Cultivo In Vitro
-
Uso de meios de cultura adequados (ex.: MS com regulação hormonal);
-
Controle da hiperidricidade com redução da concentração de sais e adição de cálcio;
-
Aclimatação das plantas para adaptação ao ambiente externo;
-
Adição de fertilizantes para obter brotos mais vigorosos;
4. Cuidados Gerais no Cultivo de Cactos
-
Iluminação: Cactos precisam de boa exposição solar, mas sem excessos nos primeiros estágios;
-
Rega: Evite o excesso de água, pois os cactos são altamente suscetíveis a podridão radicular;
-
Substrato: Deve ser bem drenado, evitando acúmulo de umidade. Uma dica excelente é usar carvão vegetal no substrato;
-
Temperatura: A maioria das espécies cresce melhor entre 20-30°C;
-
Plantas-babás: Algumas espécies se beneficiam de plantas-sombra para proteger contra radiação excessiva.
5. Conclusão
A propagação de cactos é um processo diversificado que pode ser realizado por sementes, estaquia, enxertia e cultura de tecidos. O sucesso no cultivo depende do conhecimento das exigências específicas de cada espécie e da aplicação das técnicas adequadas. Seja para colecionadores, horticultores ou conservacionistas, dominar essas técnicas pode garantir a preservação e multiplicação dessas plantas tão fascinantes.